A Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) divulgou hoje (27) nota defendendo o diálogo e a luta
contra a corrupção como meios de preservar e promover a democracia. Denominado
Carta da CNBB a Favor do Brasil, o documento diz ser inaceitável que interesses
públicos e coletivos se submetam aos interesses individuais, corporativos e
partidários.
"Pagamos um alto preço
pela falta de vontade política de fazer as reformas urgentes e necessárias,
capazes de colocar o Brasil na rota do desenvolvimento com justiça
social", destacou o comunicado, citando as reformas política, tributária,
agrária, urbana, previdenciária e do Judiciário.
De acordo com a CNBB, o gasto
com a dívida pública e o ajuste fiscal, entre outras medidas para retomada do
crescimento, "colocam a saúde pública na UTI [unidade de terapia
intensiva], comprometem a qualidade da educação, inviabilizam a segurança
pública e inibem importantes conquistas sociais".
O documento faz referência à
corrupção como uma "metástase que tinge de morte não só os poderes
constituídos, mas também o mundo empresarial e o tecido social".
"Combatê-la de forma intransigente supõe assegurar uma justa investigação
de todas as denúncias que vêm à tona com a consequente punição de corruptos e
corruptores".
Sobre a possibilidade de
impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o arcebispo de Brasília e presidente
da CNBB, dom Sérgio da Rocha, disse que o assunto não foi tratado pela
entidade.
Bispo auxiliar de Brasília e
secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner destacou que, para o
impeachment, são necessários elementos consistentes, que, segundo ele, não
existem até o momento.
Durante entrevista coletiva, a
CNBB liberou uma segunda nota, manifestando-se contra a descriminalização do
uso de drogas. O comunicado acrescenta que a dependência química representa um
dos grandes problemas de saúde pública e de segurança no Brasil e interfere
gravemente na estrutura familiar e social.
"Ela está entre as causas
de inúmeras doenças, de invalidez física e mental e de afastamento da vida
social. Conforme o texto, a dependência, que atinge especialmente adolescentes
e jovens, é fator gerador de violência social, além de provocar no usuário
alteração de consciência e de comportamento.
O caminho defendido no
documento e considerado pela entidade como mais exigente e eficaz é a
intensificação de campanhas de prevenção e combate ao uso de drogas,
acompanhada de políticas públicas nos campos da educação, do emprego, da
cultura, do esporte e do lazer para a juventude e a família.
"A liberdade pessoal tem
a ver com a relação da convivência humana, que precisa ser preservada",
informou dom Leonardo Steiner. "A droga não deixa a pessoa chegar à sua
plenitude. A droga anestesia", concluiu.
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